Bom Caminho
- Ana França
- 9 de jan. de 2022
- 2 min de leitura
O caminho faz-se caminhando e desistir nunca é uma opção na mente do caminhante. A sua vontade irá conduzi-lo a ultrapassar a meta que definiu para si. Quando iniciámos este percurso sabíamos que a nossa meta era Santiago de Compostela, que os nossos futuros passos estavam ansiosos por o concretizar por tudo o que já tínhamos ouvido e lido sobre o trajeto, que a vontade de o fazer era infinita.
Havia inquietude, alguma insegurança, nervosismo, mas a alegria e energia que se manifestava em nós para o iniciar superava rapidamente todos os sentimentos menos positivos. A crença em sermos bem sucedidos era “quase” total… não surgissem as bolhas nos pés, as dores nos joelhos, alguma queda menos ligeira, uma outra indisposição inesperada. Tão verdadeira era a crença que até o proprietário do alojamento onde iniciámos a caminhada (Ponte de Lima) no dia antes do seu início nos disse, com um sorriso nos lábios e depois de andarmos o dia a passear por lá: Vejam se descansam senão o dia de amanhã será complicado e podem não aguentar!
No final de agosto lá iniciámos a partilha do caminho há tanto desejado com as palavras de incentivo: Bom caminho! Foram 9 dias de muita emoção, de troca de experiências, de novas amizades, de desafios físicos, de explorações visuais e no fim dois corações cheios de vivências e memórias construídas.
Os bosques e florestas marcaram uma presença constante dividindo os trilhos com as estradas e passeios das cidades por onde o caminho passava. A melodia das aves, o assobio das brisas em dias quentes, encorajavam-nos a avançar e ao mesmo tempo a apreciar o momento de quietude e tranquilidade. E o caminho ia-se fazendo, partilhando não só o espaço, mas também os sorrisos, as conversas, o silêncio com os outros caminhantes. Amanhecemos cedo, fizemos amizades, tivemos companheiros de percurso, degustámos sabores, feirámos em alguns locais, observámos muito…
Chegámos e a alegria que sentimos foi inexplicável! Eu ria e chorava ao mesmo tempo. O percurso manifestava-se em mim surgindo perante os meus olhos e a Catedral de Santiago de Compostela. Um abraço apertado ao meu João a culminar mais uma aventura de partilhas.
Os apontamentos do nosso caminho português de Santiago estão inscritos no livro que nos acompanhou para que um dia a memória quando se esqueça dos detalhes, os possa recuperar e o sorriso os lembrar.
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